sexta-feira, 18 de abril de 2008

(Parênteses para abaixo-assinado)

Pessoal, desculpem o mau jeito (com silepse de número e tudo), mas percam meio minuto aí e assinem o abaixo-assinado no link abaixo. Pra poupar tempo, explico: é que um sujeito (um desses artistas "mudernos") promoveu uma instalação em El Salvador, se não me engano, em que a "arte" se resumiu a manter um cão amarrado a uma parede até que ele (o cão) morresse de fome. Ao que consta, a tortura ao animal (o cão, não o "artista") durou vários dias. E agora, o sujeito, Guillermo Habacuc Vargas, foi classificado/convidado para a Bienal Centroamericana de Honduras 2008. O abaixo-assinado visa a boicotar a participação do cretino na Bienal Centroamericana e a demonstrar o asco de, até agora, 2.200.000 pessoas diante de manisfestações "artísticas" com tal nível de imbecilidade.

Quem não quiser assinar não assine. Quem tiver raiva desse tipo de coisa, bastam nome e e-mail.

Ah, o link: http://www.PetitionOnline.com/13031953/

Mas sabem o que é pior? Tem gente que acha que essa merda é arte mesmo...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Narciso indeciso


Para Oscar Gama


É que Narciso acha feio que não é espelho.

— Caetano Veloso


Era — já — a hora da lua: em breves semitons de azul e verde, ela surgiu, pingo de-prata, com o hálito antropófago da noite.

Ancorado no acaso da calçada, ele ficou procurando palavras para justificar sua permanência e tanto fantasiou que virou estrela.

Como tal, sentiu-se na obrigação de brilhar. E brilhou, brilhou, brilhou de tal forma que, por excesso de resplandecência, fez desaparecer os oceanos, a lua, os plantadores de rosas, as outras estrelas. Mas ficou querendo voltar a ser homem para receber homenagens, pois seria o único homem-estrela do mundo, de maneira que vestiu sua melhor roupa e desceu do céu.

No entanto, seu fulgor ofuscava as pessoas e elas ou fugiam dele, assustadas, ou o atacavam com o que encontrassem à mão: paus, pedras, edifícios. Decepcionado, ele tornou para o firmamento e jurou vingança: iria brilhar ainda mais. Afogaria todos em sua luz.

Foi quando a manhã floriu outro futuro e o sol confiscou-lhe a imaginação.

É — já — a hora da Lua. Ainda perdido no acaso da calçada, ele se ama, indeciso entre um tango argentino e um trago de aguardente, enquanto a noite pousa, desdentada, no quintal da sua cabeça.