Aqui embaixo, no post Pink & Floyd, a sra. asm (ou Alice, ou Anônima), a (ex) tímida, escreveu:
"Eu gosto de escrever, gosto de algumas coisas q escrevo, mas tenho dificuldade de falar em público, e tb de escrever com alguma pressao: tempo, tema q eu nao domine, e o principal, saber que estao avaliando o texto, fazendo um julgamento. Tenho certeza q na prova vou deixar muito a desejar por causa desses fatores, tb pq gosto de escrever mais poemas, coisas + subjetivas.
O q vc acha q devo fazer nesse pouco tempo q tenho para amenizar esse problema, acho q muitas pessoas devem se sentir assim tb."
Então... eu acho que vc já tem um bom e um péssimo começo, simultaneamente. O bom, claro, é gostar de escrever. Isso já faz de vc alguém para quem uma caneta é algo tão natural quanto sentir sede. O lado péssimo é que, por medo, vc já começa derrotada ("Tenho certeza q na prova vou deixar muito a desejar"). Daí que, a primeira coisa a fazer é relaxar, acreditar em vc, ter confiança nas suas qualidades e entrar no jogo pra ganhar. As redações da Ufes não são meramente subjetivas (mas subjetividade ajuda muito): antes, exigem dos candidatos uma série de habilidades e conhecimentos objetivos. Nesse ponto, o melhor a fazer é treinar a escrita sob pressão (marque um tempo e pratique sozinha ou com a ajuda de alguém, para controlar a ansiedade) e, principalmente, ler, ler muito (que, aliás, é o que todos deveriam
ter feito durante o ano): quem lê muito
pode não escrever, mas quem não lê,
com certeza não escreve — por falta de assunto.
Abre parênteses: meu filho, Frederico, teve aulas particulares com José Augusto Carvalho. Frederico era muito bom em gramática, sintaxe e ortografia. Um dia José Augusto me disse: "Seu filho escreve muito bem... sobre nada". Faltava conteúdo. A partir daí a gente intensificou as leituras dele e ele foi aprovado na UFMG. Fecha parênteses.
Leitura não é pesadelo de vestibulando. Enfiam isso na cabeça de vcs, mas é o contrário: ler é prazer diário. Na medida em que encontramos prazer no que fazemos, o que fazemos fiza bem melhor. A vcs, meninos e meninas da Ufes, aconselho que se habituem a ler pelo menos uma revista por semana. TODA SEMANA. O RESTO DA VIDA. Descontando os defeitos que todas têm, Veja, Época, Carta Capital, IstoÉ, são ótimas fontes de informação (quem souber inglês ou alemão pode tentar a Time e a Der Spiegel hehe). Além disso, o cuidado que dedicam à sintaxe, à gramática e à ortografia (sem contar o estilo de escrita) faz com que a gente aprenda essas coisas na prática, por osmose, sem ficar se estressando com todas aquelas nomenclaturas esquisitas. Das revistas em circulação por aí, a minha favorita é a Piauí, que aborda assuntos os mais díspares (de matéria com o vigia de um banheiro subterrâneo em Copacabana a uma discussão sobre a percepção da beleza — uma matéria fantástica com um dos maiores violinistas do mundo, Joshua Bell, tocando anônimo,
com um Stradivari!, numa estação de metrô em Washington), de maneira inusitada e muito, muito, interessante.
Quando falo em leitura, falo em ler tudo que passar pela frente: anúncio de absorvente, placa de ônibus, bula de remédio... mas falo principalmente de livros, jornais e revistas. É com as idéias contidas neles que a gente alimenta a inteligência, a sensibilidade, o espírito. E é com isso que vcs farão a prova de redação (e outras) no VestUfes. O melhor, porém, é que, passado o vestibular, o que se leu permanece, faz parte de quem vc é.
Defendo a leitura de TODOS os livros que a Ufes indica: é uma oportunidade para que se conheçam muitas novas idéias (ainda que ninguém seja obrigado a concordar com elas). Não acreditem que não há tempo para a leitura e que a leitura é rodapé do vestibular. Talvez sejam poucas as perguntas na prova, mas as perguntas que vcs se farão ao longo da vida certamente se multiplicarão. E podem apostar: é muito mais importante fazer perguntas do que dar respostas (se ninguém tivesse perguntado "Que fungo é esse?", hj não teríamos a penicilina). Por isso, meninos e meninas, e em especial vc, d. asm/Alice/Anônima: NÃO LEIAM RESUMINHOS, a menos que já tenham lido os livros. Resuminhos são inúteis para o vestibular, depõem contra a inteligência de vcs, diz que vcs são preguiçosos e incapazes de entender o que lêem (o resuminho "entende" pra vcs) e só servem para que, nesse caso sim, vcs percam tempo.
Por falar nisso, então, resumindo: leitura é fundamental para uma boa prova de redação, livros e revistas e jornais (apesar das más notícias) dão prazer para o resto da vida (ao contrários dessses BBBs) e praticar a escrita diariamente é a melhor forma de se livrar do stress e do medo para a prova. Afinal: nós somos o que fazemos cotidianamente. A excelência é um hábito, não um acidente.
Boa sorte a todos nas discursivas (ah,
jamais, mas jamais mesmo, deixem uma questão sem resposta: inventem, digam bobagem, mas não entreguem em branco. Melhor uma resposta tosca, nada-a-ver, do que uma em branco: essa é zero mesmo).
Bjs, d. asm-Alice-Anônima.