"Olá Miguel,
Tudo bem?Gostaria apenas de fazer uma breve análise de seu livro "Os mortos estão no living" com o intuito de saber o porquê dessa temática.Sua obra explora a morte,que é um assunto polêmico,pois nada se sabe sobre ela,ou quando se sabe,é omitido.Você escolheu abordar esse assunto por ele ser encarado na sociedade atual como algo enigmático e misterioso?Porque somente quem leu seu livro, sabe o quanto isso é verdadeiro e presente nos seus contos.São belas narrativas carregadas de aliterações e sinestesias e dentro de tudo isso,percebemos(nós,leitores) que a morte é sim,uma forma de descrever diversos eventos que não se fundem,como é a proposta do seu livro.São textos independentes,sem personificação e você ainda consegue,maravilhosamente bem,concretizar algo tão abstrato em nossas mentes,alguns devaneios,certas loucuras,diria assim.Em se tratanto de tanta peculiaridade,foi esse "mistério" ao redor da morte que o fez escrever o livro?Interesso-me em saber porque, é fascinante o modo com o qual não moralizou sua obra,mesmo tendo uma temática tão pouco "bem explorada".Ainda curiosa,gostaria de saber se o termo "living" seria a justificativa para mostrar que os mortos estão em nosso meio,por toda a parte,sempre presentes?Um abraço."
Paula, pra começo de conversa, discordo um pouco de vc quanto a achar que a morte é uma temática “tão pouco ‘bem explorada’”. Acho que a morte é um dos temas mais recorrentes da vida – e aqui incluo a Bíblia, Shakespeare, Dante, Woody Allen, Rembrandt, Verdi... enfim, parece que todo mundo já escreveu, pintou, compôs ou deu algum pitaco sobre a morte (veja, entre outros, um filme chamado Os últimos passos de um homem). O chato é que, sobre esse assunto, todo mundo tem razão, uma vez que, da morte, a única certeza é que ela chega, mais cedo ou mais tarde (no meu caso, quanto mais tarde melhor).
Em Os mortos estão no living (acho que já disse isso em algum lugar neste blog), eu não moralizo nem trato o tema da morte como algo enigmático, porque acho a morte muito simples: num dado momento, os processos que mantêm seu corpo funcionando param e vc já era. Até onde sabemos, nenhuma outra espécie pensa sobre a finitude da existência. Nosso problema é exatamente este: tentar entender que não vamos durar para sempre e aceitar que a maioria de nós, daqui a cem anos, se tanto, estará absolutamente morta e esquecida. Nós não conseguimos, me parece, lidar com a idéia de um mundo sem a nossa presença.
[Continuo depois. São 2h50 de quinta-feira e Morfeu acaba de me dar um abraço. Impossível não aceitar.]
Um comentário:
Oi Miguel...
Tudo bem? Agora dei espaço entre as palavras, assim está melhor?(risos).Muito obrigada pela resposta,apesar de sentir uma certa ironia nela...no comments.
Mas concordo com o que disse,tanto quando falou do meu blog cor-de-rosa,assim como do tema "morte" e dos autores que a exploraram.Fico no aguardo da continuação de sua resposta,agradecendo mesmo tardiamente a sua explanação da minha dúvida.
Um abraço.
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